A insatisfação como um hábito. Mudamos, ou nos mudam.
Quem
de nós não almeja sempre mais? Pode ser dinheiro, saúde, fama, amor
familiar. Não importa o desejo, como humanos não ficamos satisfeitos
facilmente, e nenhuma satisfação dura para sempre. Isso é fato, e pelo
lado natural, é o que faz com não fiquemos acomodados. E é sobre isto
que quero falar com você hoje.
As
vezes me pego repetindo sempre as mesmas coisas, e quando tomo ciência
de que a repetição não está me trazendo resultados novos (óbvio!) tendo a
me perguntar por qual motivo continuo com aquele hábito. E no momento
que me faço esta pergunta é que atento para o fato de nunca estar
satisfeito por muito tempo.
Embora
a rotina traga segurança, não dá para, vez ou outra, não arriscar. Nem
que sejam riscos pequenos. Algumas vezes controlados, e outras vezes nem
tanto. Eu gosto de rotina e muito, mas como todo mundo, tem hora que
fazer sempre a mesma atividade enjoa. E quando não enjoa estamos tanto
no automático que não sentimos que o tempo passou, e isto me parece um
grande desperdício de vida.
E
o ponto principal é este: a vida está passando de um jeito que muitas
vezes nem sentimos que vivemos. O desperdício desta oportunidade me faz
crer que o ser humano, em sua maioria, não tem a percepção de que não
está preparado para a vida. Chegamos aqui neste mundo sem manual, e
desde cedo somos levados pelos caminhos que os outros nos mostram. E
mesmo quando encontramos um caminho só nosso, ele nem é nosso por
completo, porque chegará a hora que o destino nos tirará da rota.
E
quando isto acontecer, e sairmos da rota, é que nossa readaptação ao
novo, nos levará da insatisfação do desvio para a satisfação de novas
descobertas. E geralmente o intervalo entre estes dois pontos é o mais
sofrido, porque somos obrigados a inserir novos tijolinhos no muro da
nossa existência. E a existência é tão dura quanto uma parede de
tijolos, afinal ela é real.
Na
realidade, estar insatisfeito é nosso hábito mais contumaz. E se
soubermos usar essa insatisfação como um trampolim para uma satisfação
futura, pode ser que este costume não deixe que desperdicemos tanto
nossa biografia.
Alexandre Fonseca
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